Tudo visto de um referencial diferente

5 de junho de 2008

Solidão


Se pudesse agora acabaria por mim toda feito um rio que deságua e não pergunta onde, apenas segue seu curso, sem saber seu fim. Faria-me em mil pedaços despedaçados, e me sentiria incompleta por mais completa que fosse. Colocaria-me numa sela na esperança de compartilhar todo meu amor com quem fosse. Obrigaria-me a ser sozinha para experimentar a saudade e ao mesmo tempo a dor, a mesma dor que agora sinto, sozinha, fria, sem calor. Permitiria-me gritar de amor e sorrir de ódio, por mais contraditório que isto parecesse ser. Acalmaria-me em saber que não sou a única a viver e sofrer dessa forma. Mas de nada isto me adianta se não posso mentir por amor ou chorar de alegria, soluçar de medo e crer no amanha, na esperança de encontrar o que há de ser minha promessa de vida.
Pouco me importa se tu encontras em outros olhos o que os meus podem te dar, se não são os meus que lhe mostram o que há pra ver; não me importa saber quantas noites tu perdeste emaranhado em lençóis que não eram os meus, se são os meus que te dão o calor que tu busca. Mas me importa saber que quando olho para o lado não são teus olhos que eu vejo, e nem a tua boca que provo, se não é teu abraço que me aperta, nem teu cheiro que me afaga.
Enlouquece-me saber que nossos olhares se cruzam, mas nossas mãos não se tocam, que a distancia se faz presente, quando ela era para ser apenas uma pimenta da saudade. Tento ocultar toda minha dor e vontade de te ter, mas minha frieza não se mostra presente quando você está, ela se faz por desentendida e me deixa perdida, por que você me intimida até o ponto de eu não conseguir me conter e buscar o que o meu corpo clama. Nunca me enganei, eu sabia que o seu certo era o meu errado, e que a tua verdade era a minha mentira, mas mesmo assim me entreguei de alma e corpo afim de que seu corpo e sua alma se prendessem ao meu e assim se fez, como um eclipse, intenso e perfeito. E a cada momento que se passa me perco em metáforas delirantes em busca da explicação disso tudo, vejo-me inerte e descompassada, feito o tempo de um relógio parado.
E agora parte de mim escorre pelo canto do meu rosto, meu sorriso se esconde, não há você para que ele se manifeste. Não te darei o posto de minha razão, mas queria que fosse o meu ponto de fuga.





That's all Folks!

7 comentários:

Livia Queiroz disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Marcio Sarge disse...

Quanta energia gasta com a solidão.

Unknown disse...

Concordo com o Marcio. Energia deve ser gasta com coisas boas. Solidão com certeza não é uma delas! ;)

Bom fds

http://desgracapoucaehbobagem.blogspot.com/

fernanda disse...

Liindo liiindo...e solidão às vezes é muito necessário!!!!

Fernanda disse...

Liindo liiindo...e solidão às vezes é muito necessário!!!!

Anônimo disse...

Acho que ninguém vive sozinho. Mas ninguém vive acompanhado o tempo todo também.

Enfim, é interessante a maneira como você escreve sobre esse sentimento de solidão! ^^

Jamile Gonçalves disse...

A princípio percebi certa semelhança ao poema de Vinícius de Morase, "Soneto do maior amor".
Depois lembrei da música de Nelson Gonçalves, se não me engano, "Alguém me disse".
Adorei seu texto, e adoro essas obras artísticas.
Só não entendi a frase final.
"mas queria que fosse o meu ponto de fuga."
Beijos

 
©2007 '' Por Elke di Barros